Confira como os aparelhos auditivos evoluíram ao longo dos anos
A reação instintiva de nossos antepassados à dificuldade de ouvir foi, sem dúvida, a primeira pista para a criação dos equipamentos que hoje devolvem a audição a crianças, jovens e idosos em todo o mundo. Isso mesmo.
Sabe aquele gesto de colocar a mão em concha atrás da orelha? Essa foi a primeira forma de amplificação sonora da história. Os observadores e inventores na época não sabiam exatamente o quanto aquilo funcionava de fato, mas hoje se sabe que só essa acústica das mãos ao pé do ouvido é capaz de aumentar em até 12 decibéis o volume de certas faixas de frequência de sons.
Claro que não era o suficiente para garantir a qualidade auditiva, mas o achado ajudou a acelerar as descobertas que vieram a seguir. No século XVI, na tentativa de imitar esse conceito em proporções maiores, começaram então a aparecer espécies de cornetas de origem animal – como chifres.
Nada discretas, essas engenhocas, que também eram conhecidas como trombetas, eram posicionadas no ouvido, na hora das conversas mais próximas, para que os interlocutores pudessem falar pela abertura maior. Esqueça diálogos olho no olho. Era olho no bocal da trombeta mesmo!
O primeiro grande avanço só viria mesmo no final do século 19 com os estudos de Alexander Graham Bell sobre acústica e mecânica da fala e o seu interesse (herdado do pai e do avô) para compreender a surdez em seres humanos. Foi ele mesmo, o inventor do telefone – e professor de fisiologia vocal na Universidade de Boston (EUA) –, o primeiro a demonstrar a possibilidade de transmitir a voz humana por ondas elétricas. Foi esse princípio – usado para inventar o telefone — que permitiu também a produção em massa, durante a Revolução Industrial, dos aparelhos auditivos – que no início funcionavam com até quatro microfones de carbono e baterias.
Os avanços continuaram e outro grande marco foi a substituição do sistema de funcionamento pelo transistor, que começou a ser fabricado em 1952. Graças à mudança, o tamanho dos aparelhos auditivos diminuiu bastante e os primeiros modelos apresentavam um design bem mais próximo do que conhecemos hoje.
No início, foram feitos para serem utilizados nas hastes dos óculos e, depois, para se encaixarem atrás da orelha. É o clássico modelo que vem à nossa mente quando pensamos no assunto, não é mesmo? Até então, algumas limitações nesses equipamentos ainda deixariam o tratamento com aparelho auditivo bem marcado pelo estigma de difícil e pouco confortável para o paciente.
A revolução viria mesmo apenas da década de 90 com o lançamento do primeiro aparelho digital, mais especificamente em 1996 – e que inauguraria a era marcada pelo uso da tecnologia que transformou o estímulo sonoro em dígitos e permitiu a programação dos aparelhos.
Resultado: eles diminuíram de tamanho, ficaram mais precisos, mais resistentes e passaram a se adaptar a diversos ambientes, situações e frequências de sons. E, como tudo na nossa vida no século XXI, os aparelhos auditivos também acompanharam os avanços que vieram com os celulares, a Internet e, agora, com a Inteligência Artificial. As novas gerações de aparelhos auditivos são “minirrobôs” que, além de ficarem quase invisíveis de tão discretos, também possuem uma característica principal que faz toda a diferença: não são os pacientes que precisam fazer esforço para se adaptar a eles. São eles, agora, inteligentes, que se adaptam ao perfil e até mesmo ao estilo de vida de cada paciente.
Recarregáveis como os celulares, conectados automaticamente a aparelhos eletrônicos sem a ajuda de fios, inseridos ao conceito de Internet das Coisas – com a possibilidade até de controlar outros equipamentos (como aumentar o som da televisão e transmiti-lo diretamente apara o ouvido do paciente) e incrementados com uma série de programas e recursos, como a capacidade de mudar a captação do som de acordo com a memorização do tipo de ambiente, entre outros.
Parece mesmo não haver mais limite para esses equipamentos…
Há quem acredite que falta pouco para eles serem utilizados como os óculos ou os celulares – enfim, como um recurso que melhora a nossa qualidade de vida.